A partir dos mapas que compõem o primeiro e único tomo publicado do Atlas Lingüístico de la Península Ibérica, criticou-se o atlas por apresentar uma orientação excessivamente fonética. Porém, quer a redacção dos seus questionários quer o modo de recolher os materiais de campo mostram igualmente uma grande sensibilidade em relação à cultura material. Em 1975, o seu director explicava:

Para la sección de léxico resultó de gran ayuda el Atlas italo-suizo de Jaberg y Jud, cuyos volúmenes empezaron a aparecer por esa fecha.

Adoptamos su organización por temas etnográficos siguiendo el orden de fenómenos atmosféricos, accidentes geográficos, flora, fauna, cuerpo humano, familia, hogar, labores agrícolas, oficios artesanos, herramientas, animales domésticos, etc. Sobre esta base, el ALPI hubiera podido llamarse Atlas lingüístico y etnográfico, como de hecho lo es, aunque no pareciera indispensable indicarlo en el título.

[Para a secção do léxico, o Atlas italo-suiço de Jaberg y Jud, cujos volumes começaram a aparecer por esta altura, foi de uma grande ajuda.

Adoptámos a sua organização por temas etnográficos, seguindo a ordem dos fenómenos atmosféricos, dos acidentes geográficos, da flora, da fauna, do corpo humano, da família, da casa, dos trabalhos agrícolas, dos ofícios artesanais, das ferramentas, dos animais domésticos, etc. Com base nisto, o ALPI poder-se-ia ter chamado Atlas linguístico e etnográfico, como de facto o é, se bem que não tivesse parecido indispensável indicá-lo no título.]

                                                                                                                                                                                             (Navarro Tomás 1975: 12-13)

Já esta mesma defesa do carácter linguístico e etnográfico do ALPI se encontra na sua Introducción, onde se pode ler:

 En el cuestionario de lexicografía no sólo se inquirían los nombres, sino también la forma y el uso de los objetos, y asimismo algunos refranes, costumbres y tradiciones, es decir, las encuestas tenían carácter lingüístico-etnográfico. [...] Se hicieron numerosas fotografías que permitían la confección de dibujos representativos de las variadas formas de los aperos, herramientas y utensilios tradicionales, muchos de los cuales han desaparecido ya en este último cuarto de siglo.

[No questionário lexicográfico, não só se perguntavam os nomes mas também a forma e a utilização dos objectos e, igualmente alguns refrãos, costumes e tradições, quer dizer, os inquéritos tinham um carácter linguístico-etnográfico. […] Tiraram-se muitas fotografias que possibilitaram o desenho representativo das diferentes formas das alfaias, ferramentas e utensílios tradicionais, muitos dos quais já desapareceram neste quarto de século.]

Na realidade, os questionários do ALPI contêm ricos materiais etnográficos – plantas, esquemas, desenhos, refrães, narrações sucintas e, nalguns casos, fotografias – relacionados com conteúdos estritamente linguísticos, que cumprem a sua função de completar a imagem e a relação entre palavras e coisas que preocupavam os investigadores no seu trabalho de campo. Estes materiais podem ser consultados na Galería.

 

760-II. Azuébar [Castellón/Castelló]

  Questionário 760. Azuébar [Castellón/Castelló]

 

Como se assinalou, estava previsto fotografar, de modo sistemático, determinados itens, dos quais se mostra um exemplo. No final dos Cadernos II E e II G, existia uma advertência para que os investigadores fotografassem:

1.- O carro

Carro de Busmente (Asturias) FRC
Carro. Busmente (Asturias) FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

2.- O jugo ou canga

Yugo de Alquézar (Huesca). FRC
Yugo. Alquézar (Huesca). FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

3.- Cestos de vime, de palha, de esparto, etc.

Alcubilla del Marqués (Soria).  FRC
Alcubilla del Marqués (Soria).  FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

4.- Ferramentas do cultivo da terra (enxada, sacho, ancinho, escardilho, etc.).

Draga arrastrada por una caballería. Massalavés [Valencia]

Draga arrastrada por um equídeo. Massalavés [Valencia].  FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

5.- O arado

Honrubia (Cuenca).  FRC
Honrubia (Cuenca).  FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

6.- Utensílios para a colheita (gadanha, tipo de forquilha de madeira, trilho, forcado, crivo, etc.)

La trilla en Alcubilla del Marqués (Soria). FRC
O trilho em Alcubilla del Marqués (Soria). FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

7.- O vinha e o vinho (cesto da vindima, prensas, etc.)

Prensa de vino. Caudete (Valencia). FRC
Prensa de vinho. Caudete (Valencia). FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

8.- A casa agrícola (conjunto e dependências). Paisagens características da aldeia.

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Esquema da casa. Valdepiélagos (Madrid) FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

Una calle de Fuencaliente (Ciudad Real).  FRC

Uma rua em Fuencaliente (Ciudad Real).  FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

9.- Móveis (escano, arcas, berços, candeias, etc.)

Devanadera. Carrascosa del Campo (Cuenca). FRC
Dobadoira. Carrascosa del Campo (Cuenca). FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

10.- A cozinha e seus utensílios (tacho para guisar, comer, lavar; vasilhas para a água, para lavar a roupa, etc.)

Biar (Valencia). FRC
Biar (Valencia). FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

11.- Vestuário (roupas, chapéus e calçado)

Alcolea de Calatrava (Ciudad Real). Personas de distintas edades con un arado. FRC
Alcolea de Calatrava (Ciudad Real). Pessoas de diferentes idades com um arado. FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

12.- Pessoas

Familia de Camarenilla (Toledo). FRC
Familia de Camarenilla (Toledo). FRCFRC (Fondo Rodríguez-Castellano)

 

No separador Galería podem ver-se muitas fotografias de valor etnográfico recolhidas nos inquéritos do ALPI e preservadas por Lorenzo Rodríguez-Castellano.